“Denegrir”; “a coisa tá preta”; “lista negra”; “serviço de preto”. Você já parou para pensar sobre a origem de certas expressões? No Dia da Consciência Negra, o departamento de Felicidade da Reserva lançou um quiz sobre vários termos que associam os adjetivos “preto” e “negro”, entre outras palavras, a situações negativas.
Há quem defenda a tese de que o mesmo acontece com “Black Friday”, ou Sexta-feira Negra. A expressão serve para definir o dia seguinte ao feriado de Ação de Graças, feriado americano comemorado na última quinta-feira de novembro. A reabertura do comércio tradicionalmente tem grandes promoções – a tal Black Friday. Por lá, aparentemente, o termo não tem conotação negativa – “to be in black” equivale a “estar no azul”, em português.
No entanto, uma corrente aponta que o termo, indiretamente, possa ser ofensivo, pela associação de preços baixos/produtos em promoção à palavra “negra”.
– Não há nenhum fato comprovado histórico que determine que o termo “Black Friday” tenha uma conotação direta racista ou ligada à escravidão – diz Sandra Vale, da Potência Diversa, consultoria especializada em diversidade, gênero e raça. – Mas nos últimos anos, muitas empresas aderiram ao cancelamento desse termo, entendendo que mesmo que não haja uma correlação direta, é preciso mudar a prática naturalizada de vincular palavras que têm relação direta com a população negra, à uma conotação negativa. E esse é o ponto principal – explica Sandra.
Voltando ao quiz que preparamos, a lógica é a mesma, na avaliação a consultora.
– Nesse sentido o cancelamento do termo é uma forma também de tirar do senso comum e da naturalização termos racistas, discriminatórios e ofensivos à maior parte da população brasileira, que é a comunidade negra. O movimento busca dessa forma uma revisão da linguagem cotidiana que permeia toda a sociedade, dando assim um novo significado à existência das vidas negras por meio de um contexto positivo e acolhedor – diz Sandra.